Pinchers
a vista!
O sol
brilhava forte no céu e Richard acorda com os raios quentes batendo em seu
rosto. Levanta dolorido; aquela não tinha sido sua melhor noite.
- Cara, se
devo me arrepender do que fiz, a hora é agora. – disse, levantando-se e indo ao
banheiro.
Quando saiu,
foi ao seu quarto para ver se Ellie já tinha acordado, mas ela ainda dormia
pesado, porém delicadamente. Ele abriu as cortinas e a garota acorda com os
raios de sol.
- Que horas
são? – perguntou sonolenta.
- Umas 8
horas. Dormiu bem? – perguntou com certo sarcasmo.
- Você nem
faz idéia, não durmo em uma cama assim há muito tempo. – disse espreguiçando-se,
acordando seu pequeno Pokémon.
- Nossa,
você não tem casa não? – perguntou rindo, mas ela não respondeu, sentando-se na
cama e ficando séria, com o olhar triste – Desculpe, disse algo errado?
- Não, não
foi você, é que – hesitou – eu... não tenho casa há muito tempo.
- Eu posso
perguntar por quê?
- Não! Não
gosto de falar sobre isso. – terminou de forma rude, levantando-se bruscamente.
Togetic
lançou um olhar reprovador ao garoto, que ficou sem ação. Os dois se arrumaram
e, enquanto tomavam o café da manhã que Richard preparara, Ellie perguntou:
- E então,
já se decidiu?
- Como?
- O que vai
fazer da vida. Vai fugir, me ajudar ou enfrentar os Pinchers sozinho?
- Eles não
me parecem ameaça.
- Ah, claro!
Com soldados da divisão 5 você não pode esperar nada, até Togetic consegue
cuidar deles com facilidade – disse apontando para o Pokémon em seu ombro, que
se vangloriou, mas depois sentiu-se ofendido – mas eu quero ver lutar contra os
da elite, aqueles são barra pesada, eu sei muito bem... e serão eles que virão
atrás de você.
- Você até
que sabe muito, para uma garota... – ironizou, se arrependendo quando viu sua
reação e mudança de humor repentina.
- Nunca,
você me ouviu, nunca me subestime ou duvide de mim só porque eu sou uma garota!
– disse extremamente séria, puxando a gola da camiseta do garoto.
- Nossa, tá
bom! Não está mais aqui quem falou. – respondeu recuando – Mas o que tanto você
quer com eles?
- Quero
impedi-los do que quer que seja que estejam planejando, a qualquer custo. Eles
já me prejudicaram muito, e é a minha vez de jogar.
- Para que
tanta raiva? O que eles tanto fizeram para você?
- Não é da
sua conta... – respondeu rudemente.
- Educação
passou longe, né?
- Humpf,
olha quem fala. – disse ela encarando-o, retribuindo ele o olhar. – E então,
vai me ajudar?
- E eu tenho
escolha?
- Claro que
tem, mas eu não respondo pela sua consciência.
- O que eu ganho
com isso? – perguntou ele curioso.
- Bom, é uma
troca, você me ajuda, eu te ajudo, esse é o trato.
Richard
parou para pensar. Ellie era estranha para ele, tornando-se muito suspeita, mas
ele não tinha nada a perder, tinha muitas dúvidas e estava disposto a encontrar
as respostas, principalmente entender o fato de o porquê de ter se tornado um
alvo para os Pinchers.
- Fazer o
que, vamos né.
- Isso! Você
não vai se arrepender! Vamos arrumar suas coisas e ir à caçada Rick... posso te
chamar assim?
- P-pode...
– disse sem graça, e começaram eles a arrumar cada um suas coisas.
Enquanto
isso, não muito longe dali:
- ... Então
é isso, cada um já sabe o que fazer, e sem falhas, o chefe não vai perdoar mais
nenhuma. – ordenava um jovem a um batalhão. Esse rapaz, que era tratado como
autoridade, era loiro com uma mecha e olhos vermelhos, usava bermuda, tênis e
luvas retas, um colete vermelho e estava em cima de um tipo de mini-nave, que
flutuava pouco acima do chão.
- Não sei
por que você gosta de dar a pinta de mandão, se mostrando superior aos outros.
– dizia uma bela jovem ao lado do rapaz.
Essa jovem,
que o observava entediada debruçada sobre o apoio de seu flutuador, também era
loira, com olhos e uma franja azul, tinha um top, short e luvas brancas, botas
brancas com detalhes azuis e também usava um colete, só que azul e menor,
aberto na frente.
- Cale a
boca! Você sabe que temos de honrar nossos postos. Temos que ser os melhores,
sempre! É por isso que estamos aqui. – discursava orgulhoso.
- Ah, claro!
Espere só eu ir buscar minha pipoca para ouvir esse discurso de novo... – dizia
irônica.
- Não vou
dar mais bola para você, estamos no meio de uma missão muito importante, mais
do que seu cérebro consegue processar.
- Hei! –
gritou ofendida.
- Quietinha
tá, não me atrapalhe. – disse virando-se ao batalhão – Vamos soldados, hora de
fazermos uma visitinha a alguém...
Em pouco
tempo, eles arrumaram suas bagagens. Richard não sabia o que lhe esperava,
então não sabia bem o que pegar.
- Acho que
vou continuar deixando o Quilava de guarda.
- Não, leve
todos os seus Pokémon, não sabemos se vai precisar deles. – advertiu Ellie.
- Todos?
- Todos!
- Mas não
precisa os mais fortes estão comigo.
- E você não
sabe o que vai acontecer, e além do mais...
Richard esperou
ela terminar, mas em vez disso parou subitamente de falar e ele ouviu um
barulho como que algo tivesse caído no chão, e tinha. Ellie estava de joelhos
no chão, pressionando com força a cabeça e lágrimas começaram a escorrer em seu
rosto, parecia sentir muita dor:
- Ellie! –
gritou indo ao socorro da garota – Ellie, Ellie! O que ouve? – mas ela não
respondia – Você está me ouvindo?
Dito isso,
ela abriu os olhos somente, mas permanecia estática, olhando fixamente para o
nada, e ele viu que seus olhos, que antes eram brancos, agora brilhavam em
lindos tons verdes, como uma esmeralda ao sol, hipnotizando o garoto.
- Droga, e
agora, o que eu faço? – desesperava-se, mas seus olhos pararam de brilhar e ela
parecia recobrar a consciência. – Ellie, está tudo bem? Que susto, o que...
- Eles estão
chegando... – sussurrou ainda estática, de joelhos.
- Como?
- Eles...
eles estão por aqui, vamos! – gritou levantando-se rapidamente como se nada
tivesse acontecido.
- Ei, espera
aí! Será que dá para me explicar o que ouve com você?
- Depois,
mas temos que sair daqui agora, antes que eles cheguem.
- Eles quem?
De repente,
alguém bate com muita força na porta:
- Droga, são
eles! Vamos agora!!! – disse puxando-o.
Ellie
recolheu seu Togetic, que estava muito assustado, fazendo Richard fazer o mesmo
e puxando-o até o quarto, abriindo a janela e começando a descer pela mesma
árvore em que ela utilizara no dia anterior, correndo em direção a floresta.
Richard ainda podia ouvir vozes e barulhos de coisas sendo quebradas em seu apartamento.
No meio do caminho, passaram por uma placa que dizia para onde estavam indo: “Teakwood
Forest”, que era uma enorme e densa floresta onde, bem no centro, havia um
estranho monumento com a lenda de ser um portal do tempo ativado pelo raro e
lendário Pokémon guardião que o controla.
Os dois se
esconderam entre as árvores, em silêncio, e viram que estavam sendo seguidos.
Três pessoas estavam procurando por alguém, vestidos exatamente iguais:
bermudas verdes, coletes bege, tênis e luvas pretas bonés verde-musgo, mais
pareciam soldados, cada um em cima de um flutuador que ia de um lado a outro,
deixando Ellie muito nervosa, assustada e Richard ainda meio confuso, mas
aqueles flutuadores lhe eram familiares.
- Mas o que
é isso? – sussurrou ele.
- São Pinchers.
– respondeu.
- Pinchers?!
- Foram eles
que invadiram o apartamento agora a pouco, já estão atrás de você.
- Está
certíssima. – respondeu alguém atrás deles.
Os dois
viraram-se assustados e viram dezenas de pessoas uniformizadas, cada um em seu
flutuador, mas dois deles, um vermelho e outro azul, se destacavam.
- Você... –
disse Ellie fuzilando com os olhos o rapaz de vermelho em sua frente.
- Olhe só Red, o garoto até que é bonitinho. –
disse a jovem de azul.
- Por favor
Blue, concentre-se...
- Quem são vocês?
– gritou o garoto
- Por que
não pergunta a sua amiguinha, não é mesmo, senhorita Ellie? – disse o rapaz,
fazendo a garota recuar o olhar ao ver que Richard a olhava chocado – Olha
garoto, se não quer ser um de nós, isso não é problema meu, mas você tem algo
que nos pertence. Devolva o livro agora.
- E se eu
não quiser? – desafiou
- Não faça
isso... – sussurrou Ellie.
- Bom, se
quer pelo modo mais difícil... – disse e, num estalar de dedos, três dos
capangas estavam em volta de Ellie e um Pokémon estava na frente dos dois: ele
era grande, vermelho com rajadas amarelas, duas antenas amarelas saiam de sua
cabeça e na ponta de sua cauda queimava uma forte tocha – para mim não há
nenhum problema, adoro quando escolhem o modo difícil.
-
Magmaaaaaaar – disse o Pokémon encarando Richard.
- Epa, pêra
aí! – disse empurrando um dos capangas – Ela não tem nada a ver, o livro está
comigo!
-
Hahahahaha... Ela está mais envolvida nisso do que você consegue imaginar!
- Por que
não diz logo quem é você?
- Bem, se
você insiste... – falou olhando para a garota de azul, que tomou a frente.
- Eu sou
Blue Eyes, da 1ª divisão, mas você pode me chamar só de Blue. – disse a jovem
piscando para Richard, que ficou sem graça.
- E eu –
disse o rapaz de vermelho – bom, você pode me chamar de Red Eyes, seu pior
pesadelo, também da 1ª divisão, só que o melhor e mais forte da elite dos
Pokémon Pinchers.
-Mas que
raios que é Pokémon Pinchers? – perguntava confuso e surpreso.
-
Hahahahahahahahaha, você nunca ouviu falar de nós? Mas é muito fraco mesmo –
zombou Red Eyes.
- Retire o
que disse!
- Senão?
- Senão
sofrerá as consequências, vá Charmeleon! – gritou Richard lançando seu Pokémon
lagarto vermelho com um chifre no alto de sua cabeça, grandes garras afiadas e
uma tocha na ponta de sua cauda.
- Olhe só,
ele tem algum Pokémon. – zombou Red.
- Grrr...
Use Flamethrower!
Charmeleon
desferiu uma grande labareda de fogo que acertou Magmar em cheio, mas pareceu
não machucá-lo.
- Magmar,
Focus Punch. – disse tranquilamente, fazendo seu Pokémon correr em direção ao
Charmeleon.
- Desvie e
use Slash! – e o Pokémon desviou com facilidade do golpe, acertando novamente
seu oponente.
- Até que
esse Charmeleon é bom, vou pegá-lo para mim e evoluí-lo para um poderosíssimo
Charizard! – terminou apontando seu pulso, com um aparelho em sua mão, para o
Pokémon.
- Mas o quê?
– antes de conseguir dizer algo mais, um tipo de ondas roxas saiam do aparelho
e acertavam Charmeleon, que não pareciam machucar-se, mas relutava fortemente.
- Por favor,
não faça isso! – implorava Ellie, sendo segurada pelos soldados, mas sem
efeito.
-
Charmeleon!!! – gritou indo em direção ao seu Pokémon, porém foi jogado com
força contra um enorme monumento existente na floresta.
Ele olhou
assustado para o Pokémon. O chamou, mas não foi respondido. Os olhos de
Charmeleon estavam vermelhos, em fúria, bufando muito, era como se nunca
tivesse o visto. Ellie antão conseguiu se soltar e correu em direção a Richard,
parando em sua frente e abrindo os braços como que se quisesse escondê-lo:
- Ele não
tem nada a ver com isso! – gritou.
- Mas já se
envolveu demais! Ninguém entra no meu caminho assim e se safa tão fácil. –
retrucava Red Eyes.
- Me leve
então, não é isso que ele quer? Mas o deixe em paz!
-
Desculpe-me senhorita, tenho ordens referentes a você, não a ele. Ou ele vem
conosco ou morre aqui. Charmeleon, Flamethrower!
Desta vez a
rajada de fogo era muito maior e mais forte, queimando tudo em seu caminho.
Richard ainda não conseguia se levantar, pois sentia as fores do impacto, mas Ellie
ainda continuava em pé, na linha de fogo. “Ela
é louca ou o quê?!” pensou, mas antes de ser incinerada viva, um enorme
campo de força cobriu os dois, deixando-os ilesos.
- Mas como?!
– indagava Red confuso.
- Olhe Red!
– gritou Blue apontando para o monumento, que cintilava verde.
O enorme e
antigo monumento de pedra começou a brilhar intensamente e de lá saiu um globo
de luz que parou em cima de Ellie, diminuindo seu brilho. Dessa luz, uma
delicada criatura se revelou: ela era graciosa, seu corpo tinha vários tons de
verde, sua cabeça alongava-se na parte posterior e duas pequenas antenas saíam
dela. Seu corpo era pequeno, com patas dianteiras mais longas que as traseiras
e em suas costas havia um par de delicadas asas, mas fortes o suficientes para mantê-lo
no ar. Seus olhos eram grandes, azuis, transmitiam uma paz e ternura
indescritíveis.
-
Ceee-biiiiiiii! – grunhia o Pokémon, que parecia acordar.
- Isso não é
possível... – dizia Red boquiaberto.
O pequeno
Pokémon aproximou-se de Ellie e começou a dançar feliz em volta dela, talvez
feliz em vê-la, mesmo ela estando admirada e confusa ao mesmo tempo, e com isso
o campo de força sumiu.
- Não
podemos deixar essa oportunidade escapar! – sussurrou Blue.
- É verdade!
Magmar, use Fire Punch; Charmeleon, Metal Claw, não deixem aquele Celebi fugir!
– ordenou rápido.
Os Pokémon
se aproximaram rapidamente, porém Ellie puxou Celebi, na tentativa de
protegê-lo, mas o mesmo pulou de seus braços e desferiu um poderoso raio, que
jogou os inimigos longe.
- Ellie,
saia daí agora! – gritava Richard.
- Mas... –
sussurrou, olhando para Celebi, que encarava Red e Blue – Celebi, fuja... fuja
agora!
- Bi? –
grunhia confuso.
- Eles irão
pegá-lo, e vão fazer coisas horríveis com você, eu sei! Assim como fizeram com
a floresta, assim como fizeram comigo...
Ainda
confuso, o Guardião olhou a sua volta e viu sua preciosa floresta em chamas, e
isso pareceu deixá-lo extremamente irritado, criando uma forte onda de luz, que
parecia retroceder o dano por onde passava. Até Richard, que foi pego pela
onda, não sentia mais dor, já os Pinchers foram arremessados para longe. O
garoto correu até Ellie, que estava parada ao lado de Celebi, e quando chegou
viu que ela olhava fixamente para Red e Blue, agora tontos no chão, e seus
olhos cintilavam verdes novamente, igual aos olhos de Celebi, porém agora
parecia transmitir poder: “Quem é você?”
pensou, mas teve de pegá-la, pois caiu desacordada quando o brilho de seus
olhos sumiu. O Pokémon grunhiu ao seu redor, parecia querer dizer algo
começando a brilhar e voltando ao monumento, que parecia emitir um tipo de
sinal luminoso para Richard.
Ele olhou
para os lados e viu que os Pinchers pareciam estar acordando, então, olhando
com tristeza e com um peso no coração para seu Charmeleon, que ainda agia
estranhamente, sacou uma pokéball e a atirou no ar, correndo com Ellie em seus
braços.
- Flygon,
nos tire daqui já! – disse subindo nas costas do enorme Pokémon, que em
segundos levantou vôo e desapareceu nos ares.
- Droga,
eles fugiram... – resmungava Red Eyes.
- Ele não
vai gostar nada-nada disso. – respondeu Blue Eyes, recebendo um empurrão do
companheiro.
Bem longe de
onde estavam Flygon pousou em uma praia aparentemente deserta. Estava chovendo
forte e ventava muito, algo normal de um temporal litorâneo, ainda mais em uma
ilha. Richard correu até uma cabana de madeira muito simples e bateu na porta: “Por favor...” dizia em pensamentos.
- Quem está
aí? – perguntou uma voz rouca e cansada do outro lado da porta.
- Me deixe
entrar, por favor! Ela precisa de ajuda... – dizia desesperado.
- Entre,
rápido! – disse a pessoa, abrindo uma fresta na porta por onde Richard passou,
recolhendo Flygon.
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