Problemas
em Dolce Island – Parte 2
- Ellie,
espera! – gritava Richard, mas a garota corria sem olhar para trás.
Nenhum deles
entendia o porquê do desespero dela, mas parecia estar cega, correndo
desesperadamente. Ela só parara quando trombou com um Teddiursa, que parecia
correr do fogo que estava consumindo a mata, tropeçando em uma rocha na beira
da praia e rolando alguns metros. Os dois foram, então, ao seu socorro; ela
aparentava ainda estar debilitada, mesmo tendo repousado nos últimos dias. Seu
olhar era de puro medo, estava tão assustada quanto na noite anterior.
- Eles
conseguiram me encontrar? Como?! Será que meu sonho...
- Ei, espere,
mocinha! – esforçava-se Booker ao falar, enquanto corria.
- O que é
que está acontecendo?! – perguntou o garoto ajudando-a a levantar.
- Meu pé...
– dizia com dor, sentando-se novamente – acho que torci. Que sorte a minha...
corro por aí e machuco o pé tropeçando em um Pokémon e uma pedrinha idiota. –
bravejou baixo.
- Eu te
ajudo a ir até a cabana. – falou Richard, estendendo sua mão, mas ela virou a
cara.
- Não
preciso de ajuda!
- Ah,
precisa sim! – terminou puxando e escorando-a em seu braço – Você já me ajudou,
agora é minha vez de retribuir o favor.
Todos ali
ficaram surpresos com sua atitude, até Flay, que vive com o garoto desde que os
dois eram pequenos e presenciara suas mudanças com a morte de seus pais,
estranhou seu jeito. Ele sempre agia por impulso, falava sem pensar e não se
importava com mais ninguém, sendo rude e arrogante. Ellie ficou corada, olhando
fundo sem seus olhos e aceitando sua ajuda; por mais que ela negasse, conseguia
ser mais orgulhosa e imprudente que Richard.
Todos foram
à cabana e Booker colocou ataduras no pé da garota, que continuava inquieta com
a idéia de a terem encontrado.
- Eu vou ver
quem ou o que está fazendo isso. – disse Richard.
- Não, pode
ser perigoso. – impediu Booker.
- E se
“eles” estiverem atrás de mim, ou de você? – questionou Ellie.
- Alguém tem
que ir ver o que está acontecendo.
- Então ou
vou junto. – respondeu ela, levantando-se com dificuldade.
- Você deu
um mau jeito no pé ou na cabeça? Como vai me seguir assim?
- Já disse
para não me subestimar. – desafiou, empurrando-o levemente com o dedo.
- Mesmo
assim, você não vai conseguir correr com o pé machucado. – falou virando-se
para Booker – Você pode ficar com ela aqui?
- Tenho
escolha? – riu.
Richard
então foi em direção a porta, acompanhado pelos outros dois. Ellie estava emburrada
por não poder ir, mesmo entendendo os motivos. Quando eles abriram a porta,
tiveram uma engraçada surpresa: um engraçado pássaro branco e azul, parecido
com uma gaivota, voava desengonçadamente, tentando derrubar um pequeno Pokémon
de suas costas.
- Piiiiiii!
– gritava alegre o pequeno Pokémon rato amarelo e preto.
- Fofucha! –
respondeu Ellie, andando com dificuldades, porém apressadamente, até a praia e
segurando a Pokémon, que pulara do Wingull, em seus braços e abraçando-a com
força – Pichu, que saudades!
- Você pode
me explicar o que é isso? – perguntou o garoto, confuso.
- Calma,
calma, esta aqui é a minha melhor, se não uma das únicas amigas que tenho. Te
apresento a Pichu! – respondeu estendendo a Pokémon em suas mãos – Foi ela quem
me fez ter a paixão por Pokémon elétricos.
- Chu!!! –
grunhia feliz, soltando faíscas de suas bochechas rosadas.
- An... e
por que ela estava nas costas de um Wingull?
- Antes de
te encontrar, estávamos fugindo de dois Pinchers e nós acabamos nos perdendo.
Mas isso não foi a primeira vez e nós sempre nos encontramos de novo.
- Como?
- Dando um jeito,
é claro! Essa Pichu é o Pokémon mais inteligente que existe, sempre se vira
sozinha. – continuou, afagando e acariciando-a.
Pichu pulou
do colo da garota pra o ombro do garoto, esfregando-se nele e depois pulou para
o chão, começando a pular, dançar e sinalizar, deixando-os muito confusos,
menos Ellie, que sabia exatamente o que ela queria dizer:
- O que ela
está fazendo? – perguntavam confusos.
- Espera um
pouco. – respondeu ela, concentrando-se nos gestos que sua Pokémon fazia.
- É
brincadeira, não é? Você está entendendo o que ela quer dizer? – brincou
Richard, calando-se ao ver a cara que ela fez – Tudo bem, fico quieto.
- Ela os
viu... – respondeu pálida.
- Viu quem?
- Eles... os
Pinchers!
Antes da
explosão, não muito longe dali, vários Pokémon saiam de suas tocas depois de
dias escondidos do enorme temporal que caíra na ilha. Pidgey’s e Starly’s
voavam alegres e Bulbasaur’s colocavam suas sementes ao sol. No meio disso, um
grande bando de Pichu’s cria uma enorme bagunça, estando felizes com o sol que
brilhava. Em meio ao caos, um som atrai a atenção de todos os Pokémon: Twaaaang
♪
- Bulba “O que é isso”?
- Mareee “É tão lindo”!
De trás de alguns
arbustos sai um pequeno Pokémon amarelo, com detalhes em preto, grandes
orelhas, bochechas rosadas e uma cauda parecida com um raio. Ele segurava uma
pequena viola azul, que estava eletrizada enquanto tocava.
- Chuuuuu! –
cantarolava contente.
- Piiiii pichu “Gente, é o Ukulele”! – gritou um dos
Pichu’s, ao ver um parente e amigo seu.
Com isso, todos se
aproximaram do Pichu músico para cantar, dançar e festejar. Não tinham tantos
motivos, mas estavam felizes, juntos, e isso bastava para eles. Porém um
estrondo foi ouvido e um enorme Ursaring passa correndo ali, acompanhado do um Teddiursa, vindo de onde se ouviu a explosão.
- Graaaaaw “Corram”!
- Ted teeeee “Salvem suas vidas”!
- Pichu “O que houve”?
- Graaaaaaaaaaaaw “Humanos”!
E o caos voltou a se
instalar, pois humanos eram raros na ilha, e para terem deixado Ursaring tão
assustado, não eram nada bons.
De repente, algo
começou a sobrevoá-los, algo que não era os Pokémon pássaros de antes, mas sim
humanos uniformizados, vários deles, que começaram a atacar todos os Pokémon.
Eles apontavam suas mãos e delas saíam ondas arroxeadas que fazia com que eles
desaparecessem no ar. Todos entraram em pânico e começaram a correr em todas as
direções; os Pichu’s esconderam-se em um tronco oco de árvore, mas foram
descobertos, sendo pegos um a um, até sobrar o Pichu músico que, com a ajuda de
sua viola, atacou e fugiu desesperadamente, depois sendo seguido.
Depois de muita
insistência e bate boca, Richard vai atrás dos até então supostos “Pinchers”,
ao lado da Pichu de Ellie. Mesmo ainda sendo cedo, ele estranhou o fato de a
floresta estar deserta, silenciosa, sem nenhum Pokémon a vista, “Será que era isso que ela queria dizer com
ouvir, ou escutar... ah, sei lá”. Caminhando por cerca de uma hora,
encontrou o mais provável local da explosão, pois arbustos estavam queimados e
galhos estavam caídos. Enquanto investigava o local, ouviu vozes e pequenos
estrondos vindos de não muito longe dali. Ele esgueirou-se para ver o que era,
mas foi surpreendido quando um Pokémon foi jogado em si: um pequeno Pichu, que
segurava uma pequena viola. “Mas o
que...” pensou, porém teve seu pensamento interrompido quando sentiu um
leve, mas dolorido choque, pois o Pichu levantara-se e estava em posição de
batalha, machucado e muito assustado, encarando Richard com raiva.
- Ei, calma aê! –
disse levantando-se.
- Piiiiii – grunhiu com
raiva, soltando faíscas para todos os lados.
- Pi-pichu
pichu-pichu! – grunhia a Pichu no ombro do garoto, sinalizando para o
enfurecido Pokémon.
O Pichu atacava
incessantemente e Richard tentava entender de onde vinha tanta fúria. O Pokémon
só parou quando um homem uniformizado, em cima de um flutuador, apareceu em
meio aos arbustos. Ao vê-lo, o garoto reconheceu quase que imediatamente aquele
uniforme:
- Ei, parado aí! –
gritou aproximando-se – Obrigado por parar esse Pichu.
- An, de nada? – dizia
olhando para o enorme Ursaring ao lado do homem. O Pokémon urso estava nervoso,
mas contido, e seus olhos estavam vermelhos e brilhando, o que o fez lembrar de
Red Eyes e seu Charmeleon – “Ele deve ser
um Pincher!”.
- Vamos, Pichu, hora
de ir com os outros. – falou apontando seu braço com um estranho dispositivo
para o Pokémon, que correu assustado, sendo barrado pelo enorme Ursaring.
Pichu tentava se
comunicar com Ursaring, mas era em vão, ele não parecia ouvir, e em uma última
tentativa, começou a tocar. Todos ali, humanos e Pokémon, pararam e ouviram o
melodioso som, ficando hipnotizados. Ursaring agora parecia relutar consigo
mesmo, despertando o desespero do homem.
- Pare, Ursaring! –
advertiu o homem.
- O que houve com ele?
- Er... nada! Ele só
não gosta de música. – disfarçou – Agora me passe esse Pichu!
- Por quê? – desafiou
Richard, dando alguns passos para perto do pequeno Pokémon.
- Porque sim!
Ursaring, acabe com ele!
O enorme Pokémon foi
para cima de Pichu, arremessando-o em uma árvore, quebrando sua viola com o
impacto. Ele olhou frustrado e desesperado para seu instrumento, tentando
tocá-lo novamente, mas sem sucesso.
Impaciente, o garoto
chama Flay, que com um Hyper Beam, joga Ursaring para trás.
- O que pensa que está
fazendo?!
- Se esse Pichu não quer
ir com você, ele não é obrigado! – se impôs, socorrendo o Pichu, que o olhava
confuso.
Vendo que estava em
desvantagem, fugiu, sendo seguido por Ursaring.
Ainda assustado, o
misterioso Pichu pulou do colo de Richard tentando fugir, mas estava muito machucado,
caindo exausto no chão. O garoto sentou-se ao seu lado, colocando-o em seu colo
e pegando um frasco spray roxo de sua mochila, porém o Pokémon se afastava cada
vez mais.
- Acho que você não
gosta muito de pessoas, né? Bem, se for por causa daquele cara, você tem
motivo...
- Pi?
- Quer saber de uma
coisa, também não gosto muito de pessoas, é por disso que estou indo atrás deles.
– disse. Flay estava agora ao lado de Richard, com a Pichu em suas costas. Ele
fez uma pausa, observando-o e erguendo o frasco em sua mão, mostrando ao
Pokémon – Olha, isso aqui pode arder só um pouco, mas vai te ajudar bastante.
Ele tentava usar a
potion, mas o pequenino se esquivava; seus olhos estavam cheios de lágrimas,
seu semblante era de pavor e ainda segurava sua viola quebrada. Quando viu que
não conseguiria escapar, fechou os olhos e se encolheu, sentindo o leve spray
do medicamento. Quase que instantaneamente seus machucados sumiram e sua saúde
foi restaurada.
O pequeno agora olhava
nos olhos do garoto, que se levantou e começou a andar em direção a praia.
- Se cuide! – disse de
costas, acenando com o braço, com Flay ao seu lado e a Pichu em seu ombro, que
também acenava.
- Pi... – grunhiu
baixinho, ficando sozinho em meio à mata.
Ellie olhava atenta
pela janela com Togetic ao seu lado, preocupada, e Booker percebera isso.
- Que correria, não? –
perguntou aproximando-se.
- Já estou acostumada
com isso... – respondeu ainda fitando a janela – Espero que ele cuide direito
da Pichu.
- Ora, não se
preocupe! Richard pode até parecer orgulhoso, ou arrogante, mas é um bom
garoto. Nunca deixa que seus amigos se machuquem... Bom, pelo menos até a
batalha na Teakwood Forest. – suspirou.
- Como assim? – falou
virando-se.
- Provavelmente você não
se lembra, mas aconteceu algo lá que o abalou, mesmo sendo impossível notar.
- E o que seria?
- Seu Charmeleon...
Ele me disse que o Pokémon agiu estranhamente, e que não conseguiu pegá-lo de
volta.
-Eu lembro, vagamente,
mas lembro. Mas pensei que ele não se importava com os Pokémon.
- Pelo contrário,
querida, ele se importa e muito, só não consegue demonstrar isso.
- Por que? – perguntou
cada vez mais curiosa.
- Vejo que aticei sua
curiosidade... Bem, você sabe que os pais de Richard eram Pokémon Rangers, não
é?
- Sim, já ouvi
falar... Na verdade, a história deles é conhecida por todos os habitantes da
região.
- Então, eu os
conhecia... Ótimas pessoas, sempre cuidado de todos, pessoas e Pokémon, sendo
ele pequenino ou imenso, e isso o fez amá-los desde pequeno. Mas o destino não
guardava nada de bom para ele. Com a trágica morte se seus pais acabou indo
para o orfanato, já que nenhum parente morava por aqui, e com isso ele se fechou para o mundo, tendo só a companhia
de seus Pokémon, considerando-os como a única família que tem. Ele é como uma
pedra bruta que, se bem lapidada, se mostrará um belo diamante. Mas ele anda me
surpreendendo... ele faz isso de vez em quando.
- Puxa, e-eu nunca
tinha ouvido isso, nunca vi as coisas por esse lado. – disse um tanto sem
graça.
- Sei que sua vida não
tem sido fácil, mas é como eu digo: Dê tempo ao tempo.
Ellie voltou a fitar a
janela, pensando em tudo o que ouviu, que já viu, já passou, já sentiu, quando
viu a silhueta e Richard de longe, na praia. Ela correu para fora, recebendo
Pichu em seus braços.
- Oi para você também
– retrucou irônico.
- E então, o que
descobriu?
- Ah sim, claro, estou
bem, não aconteceu nada de mais! – falava encarando-a, que retribuiu com um
sorriso – Bom, se quer saber, não muita coisa, mas... – teve sua fala
interrompida quando ouviu um grunhido ao longe.
- Piiiii – gritava um
Pichu, correndo em sua direção.
-Essa não... –
sussurrou.
- Awn, que gracinha!
Um Pichu com um violãozinho! – disse ela tentando pegá-lo e acariciá-lo,
assustando Richard com sua repentina reação.
- Eu conheço esse
Pichu, o chamo de Ukulele Pichu por causa do seu ukulele, ou o “violão”. Fui eu
quem o fez para ele quando o vi tocando as vinhas de um Bulbasaur. – dizia
Booker – Mas ele está quebrado, o que aconteceu?
O Pokémon pulava de um
lado para o outro, acenando para Richard, que tentava se afastar discretamente.
- Você o ajudou, não
foi? – perguntava sabiamente o senhor, com um sorriso de canto.
- Isso é problema meu!
– dizia meio sem graça, vendo a cara se surpresa estampada no rosto de Ellie
- Ajudou, você?! Olha,
por essa eu não esperava... mas ele pareceu gostar de você. – falava Ellie,
surpresa e ao mesmo tempo tentando segurar o riso.
- Só que eu não quero
nenhum Pokémon elétrico, só pego dos tipos fogo e dragão.
- Chuuuuu... –
grunhia, com seus olhos grandes e brilhando.
- Pode esquecer essa
cara de pidão! – bravejou, vendo que ele deu uns passos para trás, assustado –
Olha, você é um carinha legal – disse mais suavemente, abaixando-se – só que já
tenho meus Pokémon, e não quero por mais ninguém em perigo. – falava tentando
consolá-lo, sendo observado por Ellie, que não escondia sua surpresa ao ver a
reação do garoto.
- “Ele realmente se importa...” – pensou ela.
- Se quiser, pode ir
com ela, já tem até uma amiguinha pra você. – terminou o garoto, apontando para
ela, que voltou a prestar atenção no que estava acontecendo ali.
- Chu! – balançava a
cabeça negativamente.
- Então me desculpe –
disse levantando-se – não posso fazer nada.
Pichu pulava e
gritava, mas o garoto caminhava firmemente para a porta da cabana. Vendo que
não tinham o que fazer, Booker e Ellie o acompanhavam, deixando o Pokémon para
trás, vermelho de raiva. Booker sabia o porquê daquela decisão, mas Ellie
ficava cada vez mais confusa, “Ele
primeiro ajuda, se preocupa, para depois largá-lo por ai, à própria sorte? Mas
o que há de errado com esse garoto?”.
Quando estavam quase
dentro da cabana, ouviram algo que os surpreendeu e assustou ao mesmo tempo:
- Será que um humano
só aceita a ajuda de um Pokémon se ele o atacar?!
first!!! muito bom esse capitulo !!!!!! adorei!!! muito D++++
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