Capitulo 002 - Rivais!

Capítulo 002 - Rivais!

                   Ainda atordoada com o terrível pesadelo que teve, Alexia permanecia sentada na cama de casal abraçada ao seu Pokémon. Agora com a respiração voltando ao normal, a treinadora conseguia pensar pelo menos em seu próximo passo. Tudo não havia passado de um simples e terrível pesadelo, ela repetia para si mesma. O corpo já parará de tremer, mas o medo ainda estava presente em seu espírito. Desde alguns episódios medonhos que aconteceram na vida de Alexia, ela vinha tendo constantemente alguns pesadelos. Contra eles, Alexia tomou a seguinte medida: Enfrentá-los. Ela caiu em si e percebeu que a única forma de vencer algo que você tem medo, é enfrentá-lo de frente. É claro que foi uma decisão difícil e árdua de ser realizada. Para começo de conversa, como se enfrenta um pesadelo? Com isso em mente, Alexia decidiu que iria enfrentar os pesadelos não se privando do sono. Não iria, ou pelo menos, iria tentar não sentir medo quando fosse dormir. Entretanto, mesmo tendo tal coragem o resultado sempre era o mesmo quando tinha pesadelo. Alexia acordava encharcada em suor, com a respiração ofegante e com o corpo todo tremendo. Era quase como uma rotina para ela...

                Agora já recuperada desse triste episódio, Alexia coloca confortavelmente Pachirisu de volta na cama e corre para o banheiro. De acordo com os planos dela, ainda tinha tempo para pensar e fazer tudo o que queria antes que a competição começasse. Enquanto tomava banho Alexia conseguiu ouvir um barulho de música ao fundo e pensou que talvez a cidade estivesse em festa e que também estaria completamente lotada. Não ficou surpresa. Tanto Treinadores quanto comerciantes e o público em geral apreciavam as emocionantes batalhas da Liga e não queriam perder nenhuma batalha amanhã, porém o nervosismo e a ansiedade não deixava nenhum e nem outro ir cedo para cama. Após outro banho longo e relaxante, Alexia saiu do banheiro e vestiu sua roupa habitual. Por sorte havia colocado mais algumas mudas em sua bolsa e também, caso precisasse, viu que no guarda roupa do apartamento existia algumas mudas separadas para os competidores. Alexia resolveu guardar Pachirisu em sua pokebola. Previu que talvez a cidade estivesse lotada de pessoas e que não poderia se dar ao luxo de perder o pequenino nessa confusão toda. Arrumando rapidamente sua cama e trancando o apartamento com a chave dourada, Alexia desceu para a rua. Ao chegar no Hall de Entrada do prédio onde estava hospedada, percebeu que aqueles treinadores que ali estavam há algumas horas atrás não se encontravam mais ali. O local estava deserto. Entretanto, assim que colocou seus pés na rua sentiu a vibração daquela noite. Pessoas riam e conversavam animadíssimas. Pokemons brincavam e comiam. Havia alguns treinadores que realizavam algumas batalhas de exibição. Música de boa qualidade era ouvida a todo instante e todos os bares e restaurantes estavam lotados. Se de dia Nilvest City era bela, de noite, com todas as suas luzes acesas a cidade era o paraíso! Alexia decidiu ir para uma parte afastada da cidade, tentar comprar algo para comer, sentar no banco, ouvir uma boa música e criar uma estratégia para o dia de amanhã...

              Alexia foi com calma até a parte mais remota da cidade. Queria olhar tudo com muita atenção. Olhar cada detalhe e aproveitar cada vestígio de energia positiva que a festa podia lhe proporcionar. Enquanto caminhava Alexia prestou maior atenção aos Pokemons e treinadores que via. Com essa atitude esperava conseguir preciosas informações a respeito da qualidade e o nível dos Pokemons que encontraria durante toda a competição. Ficou surpresa na quantidade de pré-evoluções e evoluções finais de Pseudo-Lendários. Além disso, havia muitos Pokemons com uma boa aparência e que mostravam ataques poderosos. Todas essas visões deixou Alexia ainda mais nervosa. Apesar de ser experiente, toda competição em que participava, o nervosismo a afetava indiretamente. Após alguns minutos de caminhada, Alexia se aproximava de uma praça muito bem enfeitada. A praça estava lotada. Algumas barraquinhas de comida eram percebidas pela fumaça que exalavam seus produtos de tão lotadas que estavam. Uma música animada tocava o que fazia alguns casais dançarem e se divertirem. Havia pequenos e grandes Pokemons também, acompanhando seus treinadores o que fez Alexia sentir vontade de liberar seu Pachirisu, mas logo deixou de lado essa idéia, como medo de perdê-lo. Enquanto caminhava pela praça, Alexia encontrou um aglomerado de pessoas olhando para o céu, movida pela curiosidade fez o mesmo e quando fez, perdeu completamente o ar. Para o espanto de Alexia, no céu sem muitas estrelas, um dos pássaros lendários de Kanto, Articuno, estava sobrevoando a praça.


     O pássaro lendário realizava surpreendentes acrobacias no ar e chamava a atenção de todos. As crianças menores batiam palma e os mais velhos tinham um brilho no olhar. Articuno encantava a tudo e a todos com sua calda brilhante e mesmo que o céu não tivesse estrela, ele havia se tornado uma naquele momento. Após alguns minutos de mais apreciação, uma voz angelical surgiu entre a multidão:

     -Articuno, venha aqui, por favor! – Pediu a voz angelical. Alexia seguiu o som da voz e se deparou com uma personificação humana da beleza que o Articuno proporcionava. 

    Era uma garota baixinha, mas não muito. Uma altura proporcional. Sua pele branca como neve e que de longe se podia perceber que assemelhava-se da mais pura ceda. Com um cabelo volumoso, longo e loiro que chegavam a sua cintura e olhos verdes esmeraldas, a garota chamava tanta atenção quanto Articuno. Como se já não bastasse sua beleza, o pequeno anjo vestia-se excepcionalmente bem. Um vestidinho rosa era visto por de baixo de um casaquinho branco que nas suas pontas fora amarrado em forma de fita. Em seu perfeito cabelo cacheado estavam presentes prisilhinhas mas não para segurar o cabelo mas sim como uma forma de enfeite. Sapatinhos rosa cobriam os pequenos pés do “anjinho” e os cadarços estavam entrelaçados também em forma de fitas.


          O Articuno realizou um vôo rasante para o delírio da sua seleta platéia e rumou para o céu novamente; depois, realizando um acrobático pouso, parou ao lado da garota com voz angelical. A multidão explodiu em aplausos e assobios. Até mesmo Alexia fez parte da festa, batendo calorosas palmas. A garota que ordenou Articuno pousar deu alguns petiscos para Articuno e fez um carinho na plumagem do Pokémon, que por sinal gostou muito. Alexia iria permanecer mais para apreciar o Articuno, mas sua barriga soltou um ronco tão alto que ela sentiu vergonha de si própria. Voltando a caminhar em direção a uma parte isolada da cidade, Alexia relembrou que não comia nada sólido há tempos. Desde que chegará à cidade havia só tomado um sorvete.  Enquanto caminhava, Alexia se permitiu sentir duas coisas: Inveja e Medo. Sentiu inveja pois aquele “pequeno anjo” era treinadora de um dos Pokemons mais fortes que Alexia já tinha ouvido falar. Sentiu inveja de sua pele perfeita, do seu rosto perfeito e dos seus olhos de esmeraldas perfeitos. Sentiu inveja da fama que ela estava formando. Na verdade, Alexia sempre se sentiu como um patinho feio fora da lagoa. E medo. Medo por pensar em enfrentar um Pokémon do calibre de Articuno. Medo em passar vergonha na frente de todos amanhã. Medo de se ridicularizada pela sua aparente "feiura" (Alexia possuía sérios problemas com sua aparência); medo de que seus Pokemons percam a confiança nela...
       
            Após muito caminhar, Alexia finalmente chega a uma parte bem afastada do Centro da cidade. Lá o movimento de pessoas e Pokemons eram bem menores e a presença da natureza era bem maior. Existiam mais árvores e praças com uma temática ambiental. Também eram visto alguns pequenos e singelos bosques. Ali, havia um posto policial com uma viatura e policiais fazendo a ronda, juntamente com barracas de sorvete e cachorros-quentes.  Alexia passou longe dessas barraquinhas e rumou direto para uma loja de Burritos. Quando chegou à loja levou um susto. Havia uma enorme fila de espera e muito barulho. Aparentemente a pequena loja de comida não estava preparada o bastante para os inúmeros novos clientes que chegariam com a Liga Pokémon. Alexia deduziu que talvez aquela loja fosse local da própria cidade, que estava ali bem antes da Liga chegar. A fila estava grande e impaciente. Alexia até pensou em ir para outra loja mas percebeu que todas estavam lotadas então resolveu esperar; estava faminta, era verdade, porém era o único jeito. Aos poucos a fila ia diminuindo e Alexia acreditou que realmente conseguiria seu delicioso desejado Burrito, mas houve-se um barulho de explosão e uma cortina de fumaça toma conta da loja. Depois de alguns segundos de apreensão, uma voz surge no meio da multidão de clientes assustados:

      -Atenção senhores clientes – grita um senhor com óculos por de trás do balcão – Infelizmente, devido o excesso de clientes, nossa máquina de fazer a massa para os Burritos pifou! Pedimos sinceras desculpas e informamos que uma segunda máquina já está sendo instalada. Infelizmente,  o tempo de demora para a reinstalação será de 1 hora! Pedimos sinceras desculpas e esperamos que não perdessem a fé em nosso produto!

  Os clientes que até então esperavam pacientemente pela sua vez explodiu em vaias e palavras de descontentamento e alguns clientes abandonaram a loja no mesmo instante. Alexia ficou desapontada e desesperada, estava faminta e cansada demais para voltar para o centro da cidade, enfrentar novas filas e finalmente comer.

    -Ai meu Arceus! O que vou fazer agora?! Estou com tanta fome! Essa merda de máquina tinha que quebrar justo comigo?! – Praguejou Alexia.

    - E-eu posso ajudá-la s-se você quiser... – Disse baixinho uma voz que gaguejava atrás de Alexia. A menina virou para ver quem havia dito e se deparou com um garoto alto, muito magro, quase esguio, com cabelos loiro ouro e olhos azuis cor do mar. Vestia uma calça jeans preta que ia até um pouco abaixo dos seus joelhos. Uma camisa listrada com gola nas cores azul e branca o deixava com uma aparência de burguês, mas por via das dúvidas, o garoto estava vestindo uma blusa de moletom das mesmas cores que sua camisa e com uns detalhes verdes para fazer um charme. Vestia sapatos simples de cor verde e branco. Uma bolsa de ombro parecia pesada para um garoto magro como ele, porém ele a carregava sem problema algum.


    -O quê? – perguntou Alexia ainda estupefata pelo o que o garoto disse.

    -Desculpe-me, e-eu não p-pude deixar de ouvir sua prelação. V-você disse que está com fome c-certo?! E-então, eu e minha irmã t-temos muita comida e se você estiver com b-bastante fome mesmo, p-pode se juntar a nós, não teria nen-nenhum problema... – Gaguejou o garoto.

Ele demorou um pouco para dizer isso, pois aparentemente estava envergonhado. Seu rosto branco fora possuído por uma coloração Vermelho-Vergonha e ele baixou a cabeça para falar. Alexia o olhou de cima a baixo e respondeu:

    -Se você tem tanta comida quanto disse, por que está na fila para comprar mais? – Perguntou Alexia. Ela era esperta, se ele fosse algum sequestrador essa pergunta iria estragar seus planos. Ela não pensava que ele fosse um seqüestrador, ele nem tinha o perfil de um. Era magro e aparentemente fraco, mas mesmo assim, ela sabia que não devia ir a locais simplesmente por ser convidada. Estava com muita fome, era verdade. Entretanto, não perderá a razão.

    -E-eu sei que parece estranho, mas é q-que minha irmã adora Burritos e mandou-me vir comprar-lhe um... Olhe, e-eu não sou perigoso, j-juro. Sou apenas um cara tentando te ajudar... Chamo-me Ollie. Ollie Monteith – Disse Ollie, estendendo a mão para Alexia. A mesma hesitou por um tempo e depois lhe apertou a mão.

    -Sou Alexia Braveheart... É sério mesmo isso? Você jura?! E se isso é verdade, onde está sua irmã, hein? – Perguntou a treinadora. Ela estava quase cedendo. Não confiava assim fácil em todo mundo, mas Ollie tinha um jeito especial de ser e falar, o que levou Alexia a acreditar que ele não lhe faria mal algum. Além disso, estava faminta...

    -É s-sério, eu juro... – Gaguejou Ollie – Olhe nos meus olhos, veja se estou mentindo. M-minha mãe sempre diz que quando o ser humano mente, mente pelos olhos! Temos b-bastante comida e se não consumimos tudo hoje teremos que jogar fora! Além do mais, t-ter uma companhia diferente para j-jantar é algo que eu e minha irmã desejamos há tempos! Por falar nisso, minha irmã e-está com uma cesta de piquenique cheia de guloseimas em um bosque próximo daqui... E-então, o que acha?!

     -Eu não sei... – Hesitou Alexia. Pensou nos prós e contras, avaliou a situação e lembrou-se da frase de Ollie: “Uma cesta cheia de guloseimas...”. Pronto, estava decidido. – Ah, quer saber! Eu vou sim! Vamos!

     -Maravilha! – Gritou Ollie – Venha comigo!

     O garoto segurou a mão de Alexia e começou a puxá-la. Ollie não corria muito rápido para não assustar Alexia e nem trombar com algum cidadão desavisado. Os dois percorreram uma distância significativa até chegar a um bosque praticamente vazio. Alguns Hoothoot voavam em árvore em árvore e Kricketots faziam uma sinfonia de sons. O bosque tinha algumas árvores altas e uma grama bem aparada. Canteiros de flores silvestres estavam espalhados dando ao lugar um aroma especial. Ollie levou Alexia até um local onde mais parecia uma clareira e gritou:

    -Melissa! Melissa, cadê você?! – Gritou Ollie a esmo.

    -Estou aqui, Ollie... Um pouco mais para a direita! – Respondeu uma voz  atrás de uma copa de árvores mais para a direita. E completou – Tive que sair daí Ollie! Estava cheio de mosquitos e daqui a vista do céu é ainda mais bonita... Ah ai está você... – Disse ela ao ver Ollie sair de trás da clareira – E ai está você também... Afinal, quem é você? – Perguntou Melissa ao ver Alexia sair de trás do garoto.

     Alexia não respondeu de imediato porque se surpreendeu com o que viu. A semelhança entre Ollie e Melissa era estupenda. Era como uma versão feminina do garoto. Melissa era alta e magra como Ollie. Pele extremamente branca e traços do rosto bem delicados. O cabelo loiro estava estrategicamente arrumado em um rabo de cavalo que era preso por uma presilha em forma de laço. Melissa usava uma blusa listrada de manga comprida, as cores variavam entre azul e branco, da mesma forma que Ollie usava. Melissa completava seu look com uma saia curtíssima na cor preta e usava sapatos rosa, para dar um toque feminino. O grande trunfo para sua beleza eram seus olhos, verde esmeralda. 


Alexia permaneceu alguns segundos hipnotizada pelos olhos da garota e em seguida respondeu:

   -Han... Olá,rs. Sou Alexia... E... Han... Seu irmão meio que... – Alexia estava sem jeito para dizer de forma que Ollie completou.

   -Eu a convidei para jantar conosco. E-ela estava na f-fila da bendita loja de Burritos e q-quando a máquina q-quebrou, descobri que e-ela estava faminta então a c-convidei. – Explicou Ollie.

   -Ah, ok. Tem bastante comida mesmo, por mim tudo bem – Disse animada Melissa. Ela chegou mais perto de Alexia e apertou-lhe a mão – Prazer. Meu nome é Melissa Monteith e sou irmã do gaguinho ali – Brincou a garota, apontando para Ollie.

    -Hehe, olá. Prazer em conhecê-la e obrigado por me receber. Sou Alexia Braveheart. Espero não ter problema eu jantar com vocês hoje... – Disse Alexia.

     -Ah, que isso! Problema nenhum! Meu irmãozinho fez bem em convidá-la. Temos bastante comida e já está mais do que na hora de conhecermos pessoas novas sabe? – Indagou Melissa, trazendo Alexia mais para perto da enorme cesta que jazia no chão – E ele disse que você está com fome, certo?

 -Faminta... - Admitiu a menina.

  -Pois bem, então vamos comer! Eu não arrumei nada ainda pois esse palerma do Ollie esqueceu de comprar meus Burritos então tive que mandá-lo ir comprar de última hora, mas enfim... Rapidinho eu consigo arrumar tudo. – Prometeu a menina dos olhos esmeraldas.

            Prometido e Cumprido. Melissa em poucos minutos arrumou um caprichado jantar. De dentro de sua cesta retirou tudo o que era necessário. Um pano bem bonito para enfeitar a mesa e todo tipo de comida. Bolos, Tortas, Lanches, Salgadinhos, Brigadeiros, Sorvetes, Doces em geral e duas jarras com uma grande quantidade de suco. Alexia ajudou no que pôde e enquanto comiam foi conversando com Ollie e Melissa. Os três aos poucos foram perdendo a timidez e falando cada um pouco de suas vidas. Riam, brincavam, comiam e se aproximavam, estavam se tornando amigos. Alexia comeu de tudo um pouco, a comida estava saborosa então ela resolveu aproveitar. Depois de um tempo Alexia lembrou-se que, seu parceiro, Pachirisu, era o único que não estava sob os cuidados do Centro Pokémon e supôs que pequenino estaria faminto também. Preparando um pratinho com algumas guloseimas Alexia liberou o esquilo que, feliz da vida, foi comendo o que lhe foi separado. Depois de muito comerem, os três estavam satisfeitos e só restava mesmo a conversa para fazer digestão...

      -Então quer dizer eu você vai participar da Liga Pokémon? – Perguntou Melissa.

      -Isso mesmo. Essa será minha quinta participação – Respondeu Alexia. E completou – E vocês dois?

      -Caramba! Quinta vez na Liga Pokémon?! Isso é incrível! Bom, eu vou participar e essa será minha primeira vez! Já o Ollie...

      -Já o Ollie, não conseguiu completar as 8 insígnias – Interrompeu o garoto, impedindo que sua irmã fizesse mais alguma piada maldosa com esse fato. – Eu tentei muito, mas não consegui. D-de vez em quando eu acho que, sei lá, batalhas não é algo para mim, sabe? Mas eu tentei, pelos meus Pokémons  eu juro que tentei – Explicou o garoto, que agora, envergonhado, virará a cara para o outro lado para não demonstrar as lágrimas nos olhos. 

     Alexia entendia muito bem pelo o que Ollie estava passando. Na sua primeira vez, também não conseguiu completar o número de insígnias e ficou fora da competição. A sensação de exclusão, fracasso e de acreditar que, desapontou seus Pokémons era uma tortura diária.

     -Não fique triste, Ollie. Eu sei o que você está passando e eu também já passei por isso, acredite. Parece que está ruim agora, mas você deve se reerguer e persistir em seus sonhos! E tenha absoluta certeza que seus Pokémons ainda acreditam em você! – Consolou Alexia.

   Os três conversaram por mais um tempo e aos poucos foram se tornando bons amigos. Alexia descobriu um pouco mais do passado dos dois e descobriu, para sua surpresa, que Melissa era um ano mais velha que Ollie e que ambos eram da região de Unova. Pachirisu já satisfeito cochilava no colo de Alexia quando a garota perguntou:

   -Hey Melissa, esse jantar estava delicioso! Onde aprendeu a cozinhar tanta coisa?! – Perguntou Alexia.

Os irmãos soltaram uma deliciosa risada e Melissa respondeu:

    -Amiga, eu não cozinhei absolutamente nada! A única coisa que eu fiz foi arrumar tudo. Deixe-me explicar... Mais para o Centro da cidade existe um Supermercado com tudo o que uma pessoa precisa. Eu e Ollie passamos lá mais cedo e compramos tudo pelo menos para uma semana. – Disse Melissa.

    -Isso m-mesmo... Assim, não p-precisamos enfrentar as malditas filas como você e-estava enfrentando – Gaguejou Ollie, explicando a razão do ato.

    -Nossa, que ótima idéia! – Admitiu Alexia. – Vou fazer a mesma coisa. Aliás, vou hoje mesmo. A cidade está muito lotada e amanhã quando começar a competição não quero perder tempo com filas e etc.

     -Vixe amiga, então acho melhor você correr. Quando nós passamos por lá, estava lotada e os funcionários disseram que iriam fechar mais cedo hoje para repor o estoque e arrumar tudo para amanhã.... Acho melhor você ir agora mesmo - Sugeriu Melissa - Olha, o Supermercado é fácil de se achar quando está no Centro. Pode ir, deixe que nós arrumamos tudo por aqui! Não se esqueça de pedir para que entregue direto no seu apartamento, hein?!

    -Nossa Melissa, muito obrigada mesmo! Vocês salvaram a minha noite! Boa sorte para você amanhã! Eu mesma tentarei encontrá-los amanhã para continuarmos esse bom papo – Agradeceu Alexia, recolhendo Pachirisu e levantando-se. – Eu ficaria para ajudar, juro. Mas a dica de vocês foi realmente preciosa e eu não posso perder essa chance! Tchau Ollie! Tchau Melissa – Despediu-se a treinadora, dando um beijo no rosto de cada um. – Encontro vocês dois amanhã, juro!

         Alexia não queria ter saído correndo daquela forma, gostaria de ter ficado, conversado e ajudado os irmãos a arrumarem tudo. Afinal, eles foram tão legais com ela que era o mínimo que ela poderia ter feito. Mas infelizmente a circunstância a obrigou a tomar outro caminho. O fato de ter demorado três longos dias para chegar em Nilvest City, um dia antes da competição, deixou-a um pé atrás em relação aos outros competidores. Os outros competidores já haviam se acostumado com a cidade, já sabiam seus atalhos, locais essências e o melhor, já haviam um plano de combate para a Liga. Alexia não tinha nada. Nem água mineral ela tinha no filtro do apartamento. Por isso, por almejar a vitória e tentar sair desse atraso em relação aos outros, Alexia teve que abandonar temporariamente seus novos amigos e correr em direção ao Supermercado.

*******

         Alexia demorou em torno de 2 a 3 horas dentro do Supermercado. Até escolher o que devia comprar, selecionar, caminhar pela loja e finalmente ir para o caixa, foi uma verdadeira Epopeia  Como havia dito Melissa, o estabelecimento estava lotado e fecharia mais cedo do que o habitual o que proporcionou uma experiência ainda mais estressante. Agora era 22h30min da noite e Alexia sentia-se exausta.  Apesar de ter dormido um pedaço da tarde os acontecimentos com os irmãos Monteith e sua pequena aventura no Supermercado havia consumido suas energias. Não iria mais para lugar algum. Queria apenas seu apartamento, seu Pachirisu, suas comprinhas básicas e é claro, sua mente trabalhando para sua primeira batalha amanhã. Saindo do Supermercado um pouco desligada do mundo, Alexia se surpreende com a queda no número de pessoas na rua. Quando chegou no centro pensou que o mundo se concentrava naquele local de tão lotada que estava, mas agora, depois de algumas horas o número de pessoas era bem menor....

 Quando iria pegar novamente a Avenida Principal, a treinadora é surpreendida quando uma voz grita:

-Alexia?! Alexia Braveheart, é você?! – Grita a voz misteriosa, vindo do outro lado da rua.

    Alexia vira-se para ver quem lhe havia gritado e leva um susto ao se deparar com a última pessoa da face da Terra que imaginava encontrar na Liga Pokémon: Eric Stevens.  

        Eric Stevens era um antigo amigo de Alexia. Juntos, os dois percorreram uma longa distância juntos e devido alguns problemas individuais por parte de ambos, separaram-se. Alexia não soube  noticias de Eric há quase dois anos e desde então ela o vem afastando de sua mente e coração cada vez mais. Encontrá-lo ali não era nenhuma surpresa. Eric era um estupendo Treinador. No começo, Eric ensinou tudo o que sabia sobre batalhas para Alexia, tornando-se assim ainda mais especial para Alexia. A amizade dos dois começou quando Eric ajudou uma inexperiente Alexia a ganhar sua primeira insígnia. Na época foram apenas algumas dicas, os dois não se davam muito bem, mas Alexia por fim deu o braço a torcer e aceitou as dicas do rapaz, acabando que, vencendo sua primeira batalha de ginásio. A treinadora não sabe quando, mas em determinado momento, percebeu que Eric era de algum modo, necessário para ela. Enquanto viajavam juntos, a amizade foi se fortalecendo. A cada coisa que passavam juntos, um novo laço era criado. E de repente, pelo menos para Alexia, essa tal amizade tornou-se amor. Alexia amou Eric (e de certa forma ainda ama), secretamente por muito tempo. Toda vez que estavam tendo uma conversa, Alexia pensava em se declarar para ele, mas tinha medo de sua reação. Como já foi dito, Alexia não era uma pessoa com muita confiança em si mesma e acreditava que, caso se declarasse, Eric iria rir dela, debochar dela e por fim, terminar a amizade. E se existia algo que a senhorita Braveheart apreciava no mundo, esse "algo" era a amizade de Eric. Ela pensava que, se não podia ter ele como amado, pelo menos poderia ter como amigo. Quando os dois tiveram que se separar, Alexia sofreu. Talvez ela tenha experimentado tal sofrimento novamente apenas quando seus pais vieram a falecer. Sofreu tanto que permaneceu fora de uma batalha Pokémon por um longo período  Chorava por coisas fúteis; havia se tornado uma pessoa frágil emocionalmente e de noite, olhava para o céu estrelado e imaginava se Eric talvez estivesse pensando nela como ela estaria pensando nele. O tempo passou e a dor de Alexia foi diminuindo, tornando-se uma dor suportável  A cada dia, ela reconstruía um pedaço de sua força e até voltou para sua jornada depois de um tempo. Agora, depois de dois longos anos, Alexia não esperava que seu coração voltaria a bater tão apressadamente ao rever o amigo. Eric não havia mudado tanto, apenas os traços do rosto estavam mais sérios (sempre foram), havia vestígios de uma barba mal feita e ele havia crescido uns bons 6 centímetros.  

       Em suma, Eric continuava a mesma coisa: Muito alto, branco como leite, cabelos negros e lisos caído em uma charmosa franja, olhos fundos com órbitas em tom cinzento, braços musculosos e pernas saradas. Eric costumava vestir uma camiseta preta lisa, bem simples e por cima dela colocava uma jaqueta estilosa, nas cores vermelho, preto e azul escuro. Em torno do pescoço ele gostava de usar um cachecol que sua mãe havia lhe dado de presente em um Natal passado; uma calça jeans era o que ele gostava de usar. Esse era Eric  Stevens, simples em se vestir mas rico em visual.


  Entretanto, o que ela mais se lembrava dele era seu cheiro. Enquanto estavam viajando juntos, Alexia conseguiu gravar o cheiro do perfume que Eric usava. Tão bom, tão sedutor, tão doce... E quando Eric se aproximou de Alexia e ela pode novamente sentir esse cheiro um redemoinho de emoções e sentimentos atingiu o espírito da garota, deixando-a atordoada. Quando estavam próximos o bastante, Eric pulou em Alexia e lhe deu um apertado e caloroso abraço. Alexia retribuiu o braço mas não como a "garota que amava Eric" e sim simplesmente como "a garota que reencontrou um bom amigo". Decidiu de imediato que pensaria nos seus sentimentos por Eric depois, hoje não era a hora e esse não era o local  para pensamentos de uma amante desafortunada...
     -ERIC! NOSSA! QUANTO TEMPO! - Saudou Alexia, afastando-se do abraço para olhar diretamente nos olhos dele. Se for para enfrentar fortes sentimentos antigos, teria que ser olho por olho e dente por dente, pensou ela.
     -É mesmo hein?! Nossa, estou realmente feliz em te encontrar aqui! Tudo bem contigo? Está aqui há muito tempo? Vai participar da competição? - Perguntou entusiasmado o garoto.

  -Está tudo ótimo comigo – mentiu Alexia – Não, não. Cheguei hoje mesmo e sim, vou participar da Liga! E você? Por onde andou? –perguntou a garota.

    -Ah, depois que nos separamos, resolvi meus problemas e voltei para minha jornada. Desde então venho treinando arduamente!  Bem, você sabe do meu sonho, não é mesmo? Fiquei fora das Ligas Pokémon por um tempo, sabe? Estava mais concentrado em fortalecer a mim e os meus Pokémons. Tanto é que depois de longos 3 anos, esse é meu retorno para essa competição... – Explicou Eric. O garoto tinha o costume de olhar nos olhos da pessoa quando conversava e percebeu o rosto de cansada de Alexia. – Está tudo bem mesmo, Alexia? Você parece meio cansada, sei lá.- Indagou Eric.

   -Está tudo bem, juro... É que, só estou meio cansada sabe? Ainda não preparei minha estratégia para amanhã e agora sabendo que você vai participar, tenho que pensar em mais coisas ainda – Brincou a treinadora.

   -Ah, corta essa! Você é tão boa quanto eu! Ei, eu posso te ajudar em relação ao cansaço... Você está indo para seu apartamento? Aquele reservado para os treinadores? – Perguntou Eric, acompanhando Alexia que voltará a andar.

  -Sim – Respondeu gentilmente.

     -Pois bem, então vamos de metrô! É mais rápido e simples, além do mais eu vou descer uma estação antes da sua, assim você não corre risco de se perder...

      Sem ao menos dar chances da garota questionar, Eric começou a arrasta-la para dentro da estação de metrô que exista próxima ao Supermercado. A entrada para Treinadores era livre, basava apresentar o seu Cartão de Inscrição ou a Chave Dourada. Não havia muitos usuários a essa hora da noite, Alexia pensou que a maioria deles seriam competidores então boa parte deles estariam descansando para amanhã. A estação de metrô era bem equipada. Havia câmeras de seguranças, guardas, Ajudantes, Banheiros, Faxineiros, Placas Informatizas e Computadores de Navegação.

     Já na Plataforma de Embarque, Alexia e Eric continuavam a conversa:

     -Eu cheguei aqui a três dias e só uso as estações. Dá para chegar onde você quiser, eu juro! Já andei tanto por essas linhas que já gravei a maioria. Deixa-me ver aqui – Eric inclinou-se para olhar melhor uma placa atrás de Alexia para conferir as estações. – Ah, aqui, achei! As estações daqui são dividas por números. Estamos na Estação 13, os apartamentos dos treinadores estão na 17.Eu vou descer na 16.Viu, não tem erro... – Conclui Eric, com um sorriso.

     -Caramba... Que legal – Admitiu Alexia. Movida pela curiosidade perguntou. – O que tem na “16”?

   -Ah sim. Alguns treinadores combinaram de fazer um treino extra essa noite, sabe? Só para aliviar o nervosismo. Eu vou, parece que será legal... Se você quiser, pode vir comigo – Convidou o garoto.

  -Ah não, não, obrigada. Ainda nem pensei em qual Pokémon usar amanhã, imagine batalhar. Ainda mais, meus Pokémons estão no Centro Pokémon - Explicou Alexia.

   Uma voz surgiu das caixas de som de avisos na estação de metrô, avisando aos usuários que o próximo metrô demoraria apenas alguns minutos a mais para chegar devido paradas técnicas. Alexia e Eric aproveitaram o momento para botarem o papo em dia. Cada um contando um episódio de suas aventuras quando se separaram. Alexia contou sobre Pachirisu e suas fracassadas tentativas de ganhar Ligas Pokémon e Eric contou sobre os novos amigos que fez pelo caminho e sobre sua árdua rotina de treinamento. 

Passado alguns minutos, o metrô chega e ambos conseguiram um banco para se sentarem, no qual poderiam continuar a conversa.


   -Hey, Alexia, posso te perguntar uma coisa? – Insinuou Eric.

     -Pode... É claro que pode... – Respondeu Alexia.

    -É verdade que você perdeu os seus pais?

     Alexia prendeu a respiração por alguns segundos. Não estava preparada para conversar sobre esse assunto justamente com Eric, mas viu que não tinha escapatória...

    -Sim Eric, é verdade. Foi em um acidente de helicóptero em Sinnoh... – Disse Alexia, percebendo que seus olhos estavam enchendo de lágrimas, concluí – Mas já faz muito tempo e eu já superei isso.

   -Ah, eu tenho certeza que sim. Sabe, você é mais forte do que  imagina – Admitiu o garoto.

   -V-você me acha forte? – Surpreendeu-se Alexia.

     -Mas é claro! Eu te acho muitas coisas e uma delas é forte! Você é forte em espirito, forte em batalhas e determinada a enfrentar qualquer que seja o oponente – Eric falou isso em tom vitorioso, tornando a cena ainda mais gloriosa para a garota.

   Alexia baixou levemente a cabeça para Eric não perceber suas bochechas vermelha de vergonha. Então, quer dizer que ele pensará nela de diferentes formas... “PODE PARAR COM ISSO GAROTA” gritou uma voz em sua mente. A voz da sua consciência. “VOCÊ JÁ SUPEROU ESSE GAROTINHO E NÃO VAI SOFRER NOVAMENTE POR ELE E MUITO MENOS VAI CAIR NESSA CONVERSA FIADA!” Alexia reconstruiu sua feição normal e voltou à conversa para outro ponto. Até agora, o metrô já havia percorrido duas estações, Eric desceria na próxima.

   -Então... Han... Nervoso para amanhã? – Perguntou inocentemente.

  -Eu?! Ah, mais ou menos, sacas? Fiquei sabendo que esse ano será o dobro de participantes isso quer dizer o dobro de bons treinadores, o dobro de chance de você ser eliminado e assim por diante – Confessou Eric. – Vixe, eu já vou descer na próxima?! Tá vendo, essa coisa é rápida mesmo! – Disse, levantando-se ficando já perto da porta.

    -Mesmo assim, tenho certeza que você vai se dar bem!

    -Obrigado,rs. E eu tenho certeza que você, também se dará bem! –Replicou o garoto. – Afinal, eu e você somos macacos velhos nessa competição, certo? –Brincou Eric, fazendo com que Alexia caísse na risada. 

Nesse meio tempo, o metrô parou na estação em que Eric ia descer e o garoto despediu-se rapidamente...

   -Alexia, tchau! Até amanhã na Cerimonia de Abertura! Tentarei encontrá-la lá! –Gritou o rapaz saindo do vagão e pisando na plataforma e antes das portas se fecharem, ainda gritou: - Ah! Uma dica para amanhã... Escolha um Pokémon no qual tenha total confiança, da mesma forma em qual confio em você!

    As portas se fecharam. O metrô seguiu seu destino e Eric deixou uma Alexia extasiada sentada no banco do vagão. Ela havia reencontrado Eric, conversado com ele, sentido aquele cheiro novamente tudo isso em menos de uma hora. Enquanto o metrô chegava à sua estação, Alexia foi aos poucos tirando esses pensamentos da sua cabeça. Ela não sabia explicar o que havia lhe acontecido essa noite, acreditava que, quando reencontrasse Eric seu coração agiria de forma normal e que tudo que ela sentiu por ele um dia, ficaria guardado. Mas isso não aconteceu. Quando o metrô parou na estação "17", e ela desceu do vagão a única coisa que ela tinha certeza era: Que não sabia exatamente o que sentia por Eric...

     Já na Plataforma de embarque, Alexia percebeu que a estação havia sido construída embaixo dos prédios, de forma que, não precisaria andar muita coisa até chegar a seu apartamento. As placas indicadoras mostravam que para sair da estação e chegar aos prédios a pessoa devia passar pelos Campos de Treinamento que havia no complexo de prédios e depois encaminhar-se para o local desejado. Alexia sem delongas começou a subir as escadas que davam para o Campo de Treinamento. A estação estava vazia e ela passou despercebida pelo guarda que ali jazia. Ao sair da estação, uma lufada de vento frio a atingiu, fazendo-a sentir calafrios. Apressando o passo para chegar logo, a garota passava rapidamente pelos campos de batalha Pokémon até que ao se aproximar do último campo, percebeu que uma batalha estava para começar. Tentando não ser vista pelos Treinadores que ali batalhariam, ela esconde-se atrás de uma coluna de concreto, afim de, assim, não atrapalhar a batalha. Antes de ambos os treinadores liberaram seus Pokémons ela olhou mais atentamente para os Treinadores, e levou um susto ao se deparar com um antigo rival... Scott Nunes.

       Alexia conhecia Scott da sua Liga Pokémon passada. Ao chegar às oitavas de finais, Alexia teve uma Batalha Completa ( seis contra seis), contra Scott. O resultado foi triste para Alexia: Seus Pokémons foram dizimados. Scott era um Treinador talentoso, hábil e bem criativo para estratégias. Scott conseguiu ir bem durante toda a Liga e inclusive chegou á final. Entretanto, Scott enfrentou um oponente superior a ele, perdendo assim a Liga Pokémon e ficando com o segundo lugar.  Scott Nunes era em suma, um bonito rapaz. Não muito alto, um corpo com físico moderado, pele bem branca, rosto sério com traços duros, olhos verdes e o cabelo grisalho. Scott vestia-se como um burguês, aparentava ter bastante dinheiro e suas roupas estavam sempre muito bem alinhadas. Scott era comumente visto com uma camisa roxa simples, sobreposta por um paletó azul turquesa e preto. Uma calça jeans branca, com poucos bolsos combinava com seu cabelo grisalho e um sapato de marca, na cor azul turquesa e preto enfeitava seus pés.


               Alexia pensava que após ter chegado tão longe em uma competição como a Liga Pokémon, Scott pararia por um tempo. Em sua mente, lembranças do massacre que sofreu passavam constantemente. O frio que sentirá a segundos atrás potencializou-se com a presença de Scott. Alexia chegou um pouco mais perto do Campo de Treinamento para conferir a batalha que estava para começar...

        - Você foi muito arrogante em seu convite, garoto – Disse um homem robusto, com uma voz grossa, o oponente de Scott – E eu não gosto de pessoas arrogantes... Se quer batalhar, pelo menos seja humilde...

       -Ah, por favor, polpe-me com esses comentários. A única coisa que quero extrair de você é uma batalha, para treinar meu Pokémon e não a sua voz... Então, caso não tenha ficado com medo, podemos começar? – Atormentou Scott, no seu tom de voz mais frio. Alexia já conhecia essa atitude de Scott: Ele era frio, calculista e não ligava muito para os sentimentos alheios.

     -Medo?! Garotinho... –Zombou o grandalhão – Quando eu te derrotar, tentarei ensinar que um pouco de respeito pode conservar os dentes e o Pokémon! Staryu, você é a minha escolha, vá! – Disse o homem, lançando sua pokebola e liberando um Pokémon em formato de Estrela do Mar, com um rubi no centro do corpo. A aparência bonita não engana a força que jaz nesse Pokémon, pensou Alexia.

    -Rhydon, vá! – Gritou Scott, também lançando sua pokebola e liberando uma espécie de Rinoceronte de Rocha. A altura exagerada, juntamente com os músculos do corpo e ainda mais, o chifre muito bem afiado em formato de broca, deixava Rhydon com uma aparência ameaçadora.

    -Um Rhydon?! Tenha dó! Meu Staryu come Rhydons no almoço desde que saiu do ovo – Brincou o grandalhão, botando vantagem no seu Pokémon através da vantagem de tipos.

-Rhydon, um ataque direto, vamos! Megahorn! –Ordenou Scott, não ligando para a piadinha do oponente.

  -Tá de brincadeira?! Só para te mostrar que aqui tu ta mexendo é com HOMEM e não com criança, vou entrar na sua... Staryu avance com Rapid Spin!


Rhydon assim que ouve o comando do seu treinador, canaliza boa parte da sua força física no seu chifre. Tamanha a força canalizada, que a “broca” ganha até um brilho próprio. Após fazer isso em questão de segundos, Rhydon avança ferozmente para um ataque direto, mas Staryu começa uma rotação igualmente poderosa e em uma velocidade incrível, atinge o chifre de Rhydon. A força superior de Rhydon lança o Pokémon aquático longe mas não causa muito danos a ele devido sua rotação.

-Cancelou meu Megahorn utilizando a velocidade de rotação do Rapid Spin, prevenindo danos maiores? – Disse Scott, um tanto que surpreso com a estratégia do oponente.

-Isso é só o começo garoto! Staryu, contra-ataque com Hydro Pump! – Ordena o grandalhão.

-Defenda-se com Protect! – Pede calmamente Scott.


    Staryu após recuperar-se rapidamente do encontro com Rhydon, lança da ponta do seu corpo um canhão de água poderoso, que avança perigosamente na direção do Pokémon rinoceronte. Entretanto, Rhydon projeta um escudo de força verde esmeralda em torno do seu corpo, protegendo-se assim do Hydro Pump e mantenho sua condição física a mesma.

    -Defendendo-se como uma garotinha, ah que bonitinho... Nada é mais irritante do que um projeto de menina se defendendo – Ofende o oponente de Scott e depois completa. – Vamos ver seu Rhydon defender-se disso! Staryu, Water Pulse, agora!

-Touché! – Disse rapidamente Scott. Alexia conhecia essa expressão de Scott. Quando ele falava isso, quer dizer que ele havia descoberto uma forma rápida e eficiente de vencer o oponente. Alexia havia ouvido seis “Touché” e sempre depois de um, um Pokémon dela ficava inconsciente. Scott rapidamente completou sua expressão com a seguinte ordem – Rhydon, vá de encontro com o Water Pulse usando o Hammer Arm! Dissipe aquele ataque, vá!


    Staryu cria uma esfera de água condensada. Apesar de não muito grande a esfera, podia-se notar uma quantidade de água exageradamente perigosa naquilo. Era o Water Pulse, um forte movimento tipo Água. Após completar a formação da esfera, Staryu lança-a em direção a Rhydon. Por sua vez, o Pokémon tipo Terra/Pedra corre na direção do ataque oponente, com um dos braços esticados. A força concentrada naquele braço é tamanha, que um deslocamento de ar é notado à medida que o Pokémon corre. Rhydon acerta com uma força estrondosa o Water Pulse, lançando a água condensada dentro da esfera por todos os lados do campo. O campo que antes estava seco vê-se encharcado de água por todos os cantos. Apesar de ter dissipado o ataque, Rhydon recebe um forte dano, por ter atingido a esfera, mas, mesmo tendo levado o dano, persistia de pé.

  -Humpf! Grande coisa parar o Water Pulse! Mas mesmo assim não cancelou o dano... Você é um estúpido mesmo! Nem copiar minha tática inicial consegue! – Grunhiu o homem.

-Rhydon, agora, termine isso com Thunder, agora! – Pediu Scott, para a surpresa do oponente e de Alexia.


-Merda! Desvie Staryu, rápido! – Gritou desesperado.

    Do chifre em formato de broca, Rhydon lança uma exuberante rajada elétrica. A estrela do mar desvia, fazendo com que o Thunder acertasse o chão encharcado. Apesar de ter desviado, quando o Thunder atinge o chão, o movimento elétrico percorre toda a extensão da água, acertando a tudo a todos que estava com água nos pés. Sendo assim, mesmo tendo desviado do ataque principal, quando o Thunder atinge a água do campo e cria uma corrente elétrica, Staryu acaba sendo atingido, levando assim sérios danos. O campo inteiro é atingido pelo Thunder, inclusive Rhydon, entretanto,devido seu tipo, o Pokémon não leva nenhum dano. Após alguns segundos de tortura, o Thunder para de percorrer a água, cancelando assim a corrente elétrica. Quando o Thunder para de funcionar no campo, o que todos conseguem ver é um Staryu extremamente danificado e paralisado, devido o forte golpe elétrico que receberá.

   -O-OQUÊ!?! – Grita indignado o oponente – COMO ASSIM STARYU SOFREU O DANO DO THUNDER?!

   -Simples... Minha ideia inicial sempre foi paralisá-lo com o Thunder, porém quando vi a velocidade do seu Staryu através do Rapid Spin, sabia que seria difícil aceta-lo em um ataque direto. Depois você lançou o Hydro Pump e pensei em fazer a ligação entre Thunder e Staryu através dele, porém o Hydro Pump era realmente rápido e forte de forma que, a única alternativa foi defender-me... – Explicou Scott, com um sorriso no rosto. – Porém, quando você lançou o Water Pulse, ai surgiu a oportunidade de encharcar o campo e finalmente atingi-lo... Essa batalha acabou! Rhydon, aproveite que Staryu não pode mais utilizar a velocidade á seu favor e termine a batalha com Hammer Arm!


       Rhydon após receber o comando do seu treinador, canaliza novamente uma vasta força física em seu braço e parte para um potente ataque. Ao se aproximar do Staryu paralisado, Rhydon acerta-o fortemente com seu Hammer Arm, quebrando o solo ao redor e deixando o Pokémon aquático totalmente fora de combate. O treinador rival, ainda atônito a explicação de Scott e abobalhado pela reviravolta, simplesmente recolhe seu Pokémon e corre em direção á saída. Provavelmente indo á um Centro Pokémon, pensa Alexia. 

    Scott solta uma risada estranha e após agradecer á Rhydon pela batalha, retorna-o para dentro da pokebola; Scott podia ser muitas coisas, por toda via, tratava bem seus Pokémons. Alexia espera pacientemente Scott sair do Campo de Treinamento para retomar o caminho para seu apartamento. Quando vê Scott caminhando até a saída do Complexo de prédios, Alexia encaminha-se até o seu prédio. O hall de entrada estava vazio a não ser pelos guardas noturnos que ali conversavam animados. Alexia pega o elevador e em poucos segundos está de frente para  porta do seu apartamento e percebeu que suas compras já haviam chegado... Arrumadas com muito capricho, algumas sacolas estavam organizadas do lado de sua porta. Alexia pega as sacolas e as leva para dentro do seu apartamento. Mesmo estando cansada dá-se o trabalho de começar a arrumar as compras que fez e para ter certeza que seu parceiro está bem, libera Pachirisu para que ele assim possa ficar deitado no sofá, cochilando (algo que ele ama fazer depois de ter a barriga estufada de tanto comer). Guarda algumas coisas na geladeira, arruma outras no armário, lava algumas frutas, dobra as sacolinhas e deixa-as organizadas. Por tanto capricho, Alexia perde uns 40 minutos nesse exercício de deixar tudo pronto para que amanhã não saia nada errado. Depois de tanto arrumar e se certificar que estava tudo certo, Alexia toma outro banho, dessa vez não tão demorado, apenas para esquentar o corpo e vestir seu pijama novamente. Programou seu relógio de cabeceira para as 06:00 da manhã.  Apesar de ter dormido de tarde sente que o corpo está meio sonolento mas recusa-se a dormir antes de repassar tudo o que aconteceu com ela nessas últimas horas do dia:

    Tinha visto pela primeira vez um Pokémon raro, Articuno e a personificação de sua beleza em forma humana, a “Pequena Anjo”. Sentirá uma inveja poderosa e sentiu-se envergonhada por isso. Sentiu também um medo inexplicavelmente bobo, e duvidará do amor dos seus Pokémons com ela. Encontrará um garoto gago, lindo e educado que lhe salvou de uma tarefa difícil que seria arranjar comida. Compartilhou um pouco de sua dor e ficou realmente próxima dele nesse momento de consolo. Também percebeu que o garoto era um doce de pessoa, disposto a ajudar quem quer que precisasse de ajuda... Esse era Ollie, certificou-se Alexia. Conheceu  também sua irmã, Melissa. A garota com os olhos mais lindo que já vira na vida e que era um amor de pessoa. No que conversaram, Alexia sentiu que havia feito uma boa amiga e na mesma hora descobrirá que essa nova amiga seria sua rival na Liga Pokémon. Havia reencontrado o que seria o “ex-amor da sua vida” e viu seu coração e pernas bobear diante de Eric. Havia sentido seu cheiro novamente e ficará hipnotizada, desejando que aquele momento nunca acabasse. Havia sido elogiada por ele e descobriu um lado pessoal dele, que ela nunca imaginaria existir em relação a ela. No fim do encontro, não sabia exatamente o que seu coração queria mas sua mente fez o favor de lembrá-la de suas prioridades. Como se já não bastasse o reencontro, percebe que na Liga Pokémon terá mais um rival de peso, Scott, um garoto que já a massacrará em uma Liga passada e vê ao vivo sua habilidade como Treinador, deixando nocauteado um Pokémon que aparentemente tinha vantagem sobre o seu.

“Ufa...” disse para si mesma, ao se cobrir com um lençol leve que encontrará no armário. Estava mais esgotada mentalmente e espiritualmente do que fisicamente, mas agradeceu por já estar na cama. Em um único dia, havia passado tantas coisas em sua mente que qualquer pessoa sem o mínimo de preparo emocional cairia no choro completo. Mas não Alexia, ela era forte. E sentia-se mais forte ainda depois do que Eric havia lhe dito, sentia-se confiante, algo que não era comum para uma garota como ela. Sentia-se confiante o bastante para acreditar e inclusive, seguir o que seu antigo amigo havia lhe dito...

“- Ah! Uma dica para amanhã... Escolha um Pokémon no qual tenha total confiança, da mesma forma em qual confio em você!

Por isso, quando Alexia fechou os olhos para dormir, não sentiu medo de pesadelos ou medo do que iria ter que passar amanhã, pois ela já sabia com qual Pokémon começar e também tinha a certeza que deixaria a sua marca na Liga Pokémon!

Com rivais á vista e com poucas horas separando-a da Liga Pokémon Alexia passa por momentos realmente marcantes para ela. Amigos novos, amor antigo, rival perigoso... Parece que essa competição guarda mais coisas do que apenas boas batalhas e você leitor, confere tudo isso aqui na Pokémon Thunders! Fiquem ligados aos próximos episódios!

5 comentários:

  1. Capitulo "curto" hein?! kkk mesmo assim gostei de ter lido, muito fantástico!
    Cara, é um rival diferente em cada canto da cidade, ou a cidade é muito pequena ou a protagonista tem um azar do krl u-ú
    Ainda continuo curioso com o Inicio da Liga, vamos ver quem será seu primeiro oponente... ^^

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  2. Sem dúvidas ler um capítulo desses cansa, mas o resultado vale a pena. Que capítulo INCRÍVEL!

    Um Articuno?? OOOO: Será que a guria vai participar da liga? Ainda acho que ela será a rival da Alexia u_u

    Eric parece ser um cara legal, porém, acho que ele não combinaria com a Alexia, o Ollie faz mais o tipo dela aushuahsua.

    Batalha impecável a do Scott contra o treinador lá, realmente você descreve as batalhas perfeitamente, fazendo com que nós leitores, imaginamos as cenas em nossas mentes... E torço para esse Scott cair com o Eric na liga, e que o Eric possa picar o pau nele u_u

    E acho que a Alexia vai escolher o Pachirisu, pois creio eu, que ele é o Pokémon de extrema confiança para ela.

    Ótimo capítulo Renan, estou até sem palavras!

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  3. Adorei! Este capítulo apesar de grande valeu a pena ler! Está muito legal! :n Esperando pelos próximos episódios.

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  4. Capitulo muito bom
    Mas pensei que não ia terminar hj kkkk

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  5. Capítulo longo,mas muito interessante.

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