Prólogo
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atalie Rodriguez, a renomada detetive da região de
Johto, completamente intrigada, investigou atenta os arquivos contidos numa
caixa de madeira, que escondera durante quatro anos em uma gaveta oculta em sua
escrivaninha. No interior do acessório, jaziam espalhados desordenadamente os
mais variados documentos – cheques, contratos importantíssimos assinados com os
nomes mais famosos do mundo pokémon e cartas enviadas a ela solicitando seus
trabalhos – apodrecendo, presos a um passado distante onde o perigo e a
malevolência podiam ser detidos sem um momento sequer de hesitação. Os tempos mudaram muito desde que comecei a
trabalhar. A mulher, vagarosamente consultando o conteúdo de cada papel,
depositava-os sobre sua cama cuidadosamente, para não causasse estragos nos
resíduos finos que os formavam. Mas fora somente na segunda vez que observara
todos eles com extrema atenção que conseguira localizar o que procurava tão
desesperadamente naquela noite – um pedaço de jornal recortado e imundo cuja
matéria retrava um assassinato ocorrido um ano e meio antes.
Num sobressalto, levantou-se
apressada, apertando o papel entre seus dedos da mão direita. Encontrei! Saiu do aposento rapidamente e, cambaleante
devido à empolgação, percorreu o estreito corredor alumiado que interligava a
maioria dos cômodos de sua modesta casa. Alcançando a sala de visitas, sob a
luz tênue da lua cheia que adentrava pela janela aberta, Sebastian White
esperava-a sentado numa poltrona antiga de veludo rubro, entediado.
– Achou? – ele indagou, sem
demonstrar sentimento algum. Mesmo tendo características físicas completamente
belas – olhos de tom lilás sossegados e pacíficos até certo limite cobertos por
seus cabelos de coloração alva –, Sebastian possuía um semblante autoritário,
exigido pela polícia de Johto.
– Sim! – Natalie abriu um largo
sorriso em sua face e desembrulhou cuidadosamente o pedaço de jornal – Sabia
que havia colocado em algum lugar, estava na...
– Nosso interesse não é onde
estava, Srta. Rodriguez – interrompeu-a, sem nem ao menos importar-se com o que
a jovem detetive tinha a narrar – Encontrou o nome dele?
Natalie percorreu com o olhar toda
a pequena extensão do papel, captando com rapidez cada informação que pudesse
sem perde mais nenhum segundo sequer. O
nome do morto era Henry. Lendo aquela breve descrição do ocorrido, a mulher
sentiu-se flutuando de volta ao passado, na mesma cena do crime: a residência
dos Jackson, local onde ela mesma fora convocada a ajudar a polícia a
solucionar o mistério do assassinato. O
assassino! Precisamos do nome do assassino... onde está?... onde? Achei!
– “...de acordo com as provas
apresentadas pela investigadora Natalie Rodriguez, um pouco do sangue que havia
no carpete da casa e diversas impressões digitais, acusam de ter matado o
famoso executivo, ninguém menos do que Bryan Lopez, o chofer da mansão” – leu,
orgulhosa, por saber que ela mesma havia desvendado tal repercutido caso.
– Bryan Lopez?!
– Exatamente. Ele fugiu da polícia
quando estava sendo levado para a cadeia para ser julgado – explicou ela –
Desaparecido desde então.
– Não tão desaparecido assim –
Sebastian acomodou-se mais confortavelmente na poltrona.
Natalie hesitou a aproximar-se
mais.
– Se suas informações estão
corretas...
– E estão!
– Então Bryan Lopez está
dirigindo-se para o Campeonato Mundial de Batalhas – a detetive sentiu-se como
se havia levado um soco em seu estomago. A verdade acabara de lhe atingir
diretamente como se tudo a sua volta não fosse mais concreto: um assassino
estava prestes a competir nas mais famosas batalhas pokémons já vistas. O que ele está tentando fazer?
– Bem – Sebastian começou a
explicar, notando que sua companheira havia percebido a periculosidade do
assunto trato entre eles –, como nós dois sabemos, o Campeonato Mundial de
Batalhas, ou simplesmente CMB, trata-se do encontro das cinco mais famosas
regiões do nosso mundo: Kanto, Johto, Sinnoh, Hoenn e Unova. Cada uma dessas
localidades deve mandar ao campeonato dez de seus treinadores e coordenadores mais
poderosos para competir nos jogos mais complexos e destemidos, montados pelo
próprio Conselho – ele calou-se por alguns instantes, mediando quais seriam
suas próximas palavras – Esse é o torneio mais bem visto e famoso já conhecido,
depois da Liga Pokémon. O que me surpreende agora é o que um assassino foragido
da polícia está tentando fazer inscrevendo-se nesse Campeonato?!
– Só um momento! – Natalie começou
há ficar um pouco confusa, batendo de encontro com tantas informações – Você
disse que as pessoas que comandam cada região devem mandar dez de seus melhores
treinadores, então... como ele conseguiu se inscrever para os jogos?
– De alguma forma, ainda
desconhecida, Bryan infiltrou-se na diretoria do Campeonato de Sinnoh e trocou
um escolhido da região por seu nome. Sorte do destino, eu mesmo me encontrava
de viagem no local, resolvendo problemas familiares, e fui chamado para ver o
que ocorrera. Já tinha ideia de quem o suspeito se tratava, então pedi para que
a diretoria deixasse o nome de Lopez, como se fosse escolhido a batalhar –
narrou ele, numa explicativa – Agora vim ver a senhorita para comprovar
realmente quem era tal rapaz, já que fora você quem solucionará o caso do
assassinato.
– Está me dizendo que o senhor
deixou um fugitivo livre e ainda permitiu que ele concorresse no CMB em nome de
Sinnoh, simples assim? – a detetive Natalie permaneceu com uma expressão de
desgosto e terror. Aquele homem havia matado um importante executivo do
Conselho brutalmente utilizando como arma um bastão de basebol que deformara
completamente Henry, e agora, que encontrado pela polícia, continuou em
liberdade – Por que fez isso, Sr. White?
Nesse mesmo instante, um som
estrondoso ecoou profundo no aposento, adentrando os ouvidos dos detetives ali
presentes, atingindo-lhes os tímpanos com brutalidade. Um grupo de Murkrows que
sobrevoava um poste de luz próximo dissipou-se com o barulho estridente,
sumindo nas sombras até o som da batida de suas asas tornar-se imperceptível.
– Quem está aí? – gritou Natalie,
alargando seu pescoço para tentar captar uma extensão ainda maior com seu campo
de visão.
Da escuridão do cômodo próximo,
caminhando elegantemente com as pontas dos pés, uma criatura que relembrava
vagamente um gato vinha na direção da mulher. O novo ser que acabara de
revelar-se tinha uma pele lilás delicada, olhos de uma forte cor roxa e uma
pedra de coloração vermelho-sangue pendendo ao centro de sua testa, pernas
finas e um curto rabo cuja ponta dividia-se em dois.
– Espeon! – a senhorita Rodriguez
ajoelhou-se e acariciou as compridas orelhas de sua pokémon cujas pálpebras
pareciam pesadas e sonolentas. A criatura esfregou seu fusinho contra os dedos
de sua mestra e deitou-se nas cochas desta, acomodando-se confortavelmente.
Natalie sorriu com rapidez, virou para Sebastian e retornou uma expressão séria
– Agora me responda: por que deixou ele livre?
– Quero saber o motivo de Bryan
Lopez querer entrar nesse torneio – respondeu ele com rapidez, como se a
pokémon recém-chegada não lhe fizesse importância alguma – Ainda por cima, acho
que um poderoso grupo criminoso esta o mandando para o campeonato... Veja bem,
o que irei contar-lhe agora é de extremo sigilo, fique atenta e não fale alto –
o tom de voz de Sebastian ia diminuindo a cada palavra. Natalie assentiu,
preocupada, antes de o homem prosseguir: – Tentamos, e conseguimos por alguns
segundos, escutar uma conversa de celular que envolvia Bryan com mais algum
desconhecido. Pelo que conseguimos entender, a participação dele tem algo haver
com a derrubada do poder do Conselho e um lucro imenso em dinheiro que iria a
um mandante ainda maior.
– Está me dizendo que estão
tentando utilizar o Campeonato Mundial de Batalhas para atingir o Conselho e,
de alguma forma ou outra, dominar todas as regiões? – a voz da detetive
Rodriguez era quase imperceptível aos ouvidos.
– Pelo que possamos deduzir, sim –
assentiu, temeroso.
Natalie abaixou a cabeça e contemplou
o piso frio e escuro. A luz do luar, mesmo fraca e quase inaproveitável,
deu-lhe um perfeito caminho para que os pensamentos da mulher vagassem
rapidamente, a imaginar um mundo futuro se tal golpe ocorresse. Mesmo poucos
sabendo, o Conselho era a principal organização que comandava boa parte do
mundo pokémon e semeava a paz entre as regiões existentes, mas, naqueles
tempos, encontrava-se em extrema fragilidade graças ao aparecimento repentino
de Unova – um país que sempre manteve-se oculto nas sombras do planeta e que
resolvera, de uma certa forma, revelar-se tanto cientificamente, com sua grande
quantidades de pokémons exóticos, como também economicamente. De qualquer
maneira, se o Conselho, nesse momento, fosse atingido por um grupo de criminosos,
principalmente de grande poder, tudo estava acabado.
Eu
preciso cooperar para que isso não aconteça, não posso deixar que o Conselho
caía e fiquemos nas mãos de malfeitores. Pensou, pouco
entusiasmada.
– Agente Sebastian, eu gostaria de
ajudar você e seus companheiros – a detetive erguera seu rosto novamente
enquanto seus longos cabelos, escuros como a noite profunda, ficavam mais
brilhantes e lindos em contado com a luz da lua cheia. Escondidos pelas finas
lentes de seu óculos vermelho, meigos e amorosos olhos de tom rosado cintilavam
ao receber uma possível alternativa de exercer seu ofício original.
Sebastian, ao completar a beleza
natural da mulher ao seu lado, gaguejou por alguns segundos, antes de poder
pronunciar o almejado:
– Mas, eu não posso... deixar uma
mulher... uma l-linda mulher, simplesmente entrar nesse caso e... e...
– Por favor, deixe-me ajudá-los.
– A senhoria sabe que pode estar
correndo perigo e que...
– Não estou interessada nisso,
quero apenas ajudar! – exclamou ela, confiante de si mesma.
– Sei perfeitamente que possui um
talento único para encontrar e descobrir criminosos e que é mais astuta e sábia
do que aparenta ser. Se tanto insiste, seja bem-vinda ao grupo então, agente
Natalie Rodriguez! – pela primeira vez, Sebastian mostrou um pouco de
contentamento e sorriu: um sorriso torto e desengonçado, mas, com certeza,
assustador e horripilante. A mulher cambaleou.
– A-ah! B-Bem... só gostaria de
saber uma coisa antes. Todos os anos, o Campeonato Mundial de Batalhas ocorre
em uma determinada região, sempre variando. Este ano, onde ele ocorrerá?
– Kanto – fora a resposta direta
que recebera tão friamente.
De repente tudo ficou claro como se
o grandioso sol rompesse-se mais uma vez no horizonte montanhoso: um assassino
fugitivo da polícia estava dirigindo-se para famosa a região de Kanto!
◦ ◦ ◦
Não muito longe dali, a estrada que
levava os viajantes
a Blackthorn City era considerada uma das de maior periculosidade e de mal
conservação, mas era por ela que Bryan Lopez, encapuzado por uma longa capa
negra que balançava acima de seus tornozelos, percorria aos tropeços. A ordem
que recebera era precisa e deveria ser executada em cautela, para não cometer
erros – chegar as portas de Blackthorn sem elevar suspeitas alheias ou ser
perseguido pela polícia local.
Os
últimos dias do rapaz haviam sido os mais emocionantes de toda a sua vida. Um
ano e meio antes daquele momento, surpreendido por ser encontrado após matar
seu chefe utilizando como armamento o acessório mais próximo que conseguiu, foi
obrigado, para própria salvação, fugir. Escondeu-se por todo esse tempo num
vilarejo neutro, no interior de Johto, sem poder comunicar-se com ninguém ou,
pelo menos, conseguir uma rápida distração com alguma televisão qualquer. Sua
vida mudara radicalmente. Aceito numa nova sociedade criminosa, ficara
responsável pelas missões de maior importância de sua equipe.
Por
outro lado, ali, correndo desesperadamente sob o solo pegajoso e úmido, sentindo
a brisa fria congelar-lhe as orelhas, Bryan não se importava com mais nada, o
que queria conquistar era apenas o poder, o tentador e grandioso poder, aquele
que até os mais modestos viventes almejam um dia pelo menos presenciar.
Quando
conseguiu vislumbrar os portões da cidade, os olhos azuis de Bryan fixaram-se
em um ponto – outro homem, parado de pé ao lado de uma alta árvore de folhagens
mortas, também encapuzado. “O coruja”.
Poderia
soar estranho para alguém que não conhecesse as regras e os códigos trocados
entre os criminosos da sociedade, o que era exatamente o que queriam. Coruja,
por exemplo, era o termo que utilizavam para designar aquele que seria o
mensageiro entre dois mandantes, nesse caso, Bryan e seu líder. Era óbvio que
Lopez já havia estado na presença de seu “senhor”, mas, com certeza, era muito
mais seguro mandar-lhe informações por meio de outro, para que não ocorresse de
que os dois fossem descobertos ao mesmo tempo.
–
Consegui – disse ele quando se aproximou do outro homem – Deixei que o policial
Sebastian White escutasse minha conversa com você por alguns segundos, no
celular – sua voz estava abafada e soava com empecilhos, graças ao cansaço.
“O
coruja” assentiu, ainda sem mostrar o rosto.
–
Dei a entender exatamente o que o mestre desejava – prosseguiu Bryan –
Provavelmente a polícia acha que sabem de todo o nosso plano, mas não deixam a
esperar. Agora tudo está exatamente nos trilhos: vou participar do CMB e
Sebastian com sua trupe vão tentar me parar antes que o golpe do Conselho aconteça.
Isso deixa as coisas muito mais divertidas e competitivas!
Incrível o Prólogo!
ResponderExcluirJá havia lido no e-mail, mas pelo que notei, houve pequenas mudanças, mas continua incrível. E agora com as imagens, pqp, está foda! E como essa detetive é "gatchinha" ein?! auhsuahsuahsa *---*
Ansioso pro 1º Capítulo! \o/
Fala, Cato! Pois bem, achei muito massa a iniciativa de começar uma fanfic com uma protagonista detetive/policial, pra mim, isso ainda é bem inédito e eu curti muito cada detalhe do prólogo. Ainda é cedo, mas acho que comecei a entender um pouco da personalidade dos personagens, principalmente do White, já que eu curto esses personagens meios sinistros que parece esconder algo, acho bem dahora isso. Foi só eu, ou alguém mais reparou que até um cara meio "sombrio" como o White, reparou a beleza da Natalie e quase perdeu a voz quando a viu? kkkkkk. eu juro que eu não esperava isso, e foi de gênio isso, acredito que essa detetive futuramente irá conseguir as coisas de modo bem fácil dos homens, foi a impressão que eu tive. Por fim, essas são minhas expressões nesse inicio, prefiro comentar sobre o Lopez em futuras aparições dele, nem deu pra sacar o jeito dele ainda, mas imagino que esse assassino seja um dos personagens mais carismáticos que estar por vir, se ele permanecer na fic por um bom tempo. Conte com o nosso apoio, Cato, e continue com esse trabalho!
ResponderExcluirMuito boa mesmo a sua fic,Cato!Vc escreve muito bem.To ansiosa pelo próximo capítulo,é uma fic incrível!!!
ResponderExcluirotimooooooo prologo *---* ansioso pro cap 1
ResponderExcluirMuito maneiro,fiquei hipnotizado do começo ao fim,até com a escrita haha... essa eu vou acompanhar até porque não é mais uma daquelas estórias q o garoto encontra 2 pessoas e eles saem numa jornada... parabens,isso que é prender o público.
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